“Lembro-me
de que, quando menino, em uma cidade do interior, os homens se reuniam
após o jantar para contar casos. As histórias eram fantásticas, e todos
sabiam disso. Mas nunca ouvi ninguém dizer: “Você está mentindo”. A
reação apropriada a um caso fantástico é outra: “Mas isso não é nada...”
E o novo artista inicia a construção de outro objeto de palavras. Faz
pouco tempo, dei-me conta de que, naquele jogo, o julgamento de verdade e
falsidade não entrava, porque as coisas eram ditas não para significar
algo, as coisas eram ditas a fim de construir objetos que podem ser
belos, fascinantes, engraçados, grotescos, fantásticos... nunca
falsos...”
Rubem Alves
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