Cidade de Vassouras


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Coleção Primavera/Verão - 2009 - Gelsomina - Siena - Itália



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terça-feira, 2 de dezembro de 2008

Martha Medeiros

Como prometi a
segunda historinha falando de amor...
Uma mulher ama profundamente um homem e
é por ele amada da mesma forma,
os dois dormem embolados e se gostam de uma maneira quase indecente,
de tão certo que dá a relação.
Tudo funciona como um relógio que ora atrasa,
ora adianta, mas não pára, um tic-tac excitante que ela não divulga para as amigas,
não espalha, adivinhe por quê: culpa.
Morre de culpa desse amor que funciona,
desse amor que é desacreditado em matérias de jornal
e em pesquisas, desse amor que deram como morto e enterrado,
mas que na casa dela vive cheio de gás e que ameaça ser eterno.
Culpa, a pobre mulher sente, e mais: sente medo.
Nem sabe de quê, mas sente.
Medo de não merecê-lo, medo de perdê-lo,
medo do dia seguinte, medo das estatísticas,
medo dos exemplos das outras mulheres,
daquela mulher lá do início do texto, por exemplo,
que se iludiu com mais um bobalhão
que desapareceu sem deixar rastro -
ou bobalhona foi ela, nunca se sabe.
Mas o fato é que terminou o amor da mulher lá da outra historinha,
enquanto que essa mulher de fim de texto, essa criatura feliz e apaixonada,
é ao mesmo tempo infeliz e temerosa porque
teve a sorte de ser premiada com aquilo
que tanta gente busca e pouco encontra:
o tal amor como se sonha.
Uma mulher infeliz por ter amor de menos, outra infeliz por ter amor demais,

e o amor injustamente crucificado por ambas.
Coitado do amor, é sempre acusado de provocar dor,
quando deveria ser reverenciado simplesmente
por ter acontecido em nossa vida, mesmo que sua passagem tenha sido breve.
E se não foi, se permaneceu em nossa vida,
aí é o luxo supremo.
Qualquer amor - até aqueles que a gente inventa - merece nossa total indulgência,
porque quem costuma estragar tudo, caríssimos, não é ele, somos nós.
Boa tarde com esse ótimo
texto dessa maravilhosa mulher,
Martha Medeiros.
Beijossssssss
Fatinha

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